Aqui vai um material complementar que eu fiz sobre Laban e é parte da minha monografia de conclusão de curso de Licenciatura em Artes pela Faculdade de Artes Dulcina de Moraes. Não deixe de ler!!!! Uma hora e meia de aula é muito pouco pra falar desse importante artista/ pesquisador do movimento.
Rudolf Laban (1879
- 1958) foi bailarino, coreógrafo, pesquisador e professor. Nasceu na
Bratislava, na época, pertencente à Hungria. Estudou arquitetura, e foi também
diretor de movimento da Ópera Estadual de Berlim. Durante a Primeira Guerra Mundial
fixou-se na Suíça onde abriu uma escola de Arte do Movimento. Na Segunda Guerra
vai para a Inglaterra onde funda o Modern Educational Dance.
Laban
desenvolveu um estudo sobre os elementos físicos, fisiológicos e psicológicos
constitutivos do movimento humano para
tratar da intencionalidade do movimento como expressão e considerava esses elementos os mesmos, seja
na arte, no trabalho ou no cotidiano (LABAN, 1978). Pesquisou inúmeros
contextos do movimento, tais como: o movimento de e para dançarinos e atores no
teatro profissional; o movimento dentro da coletividade; o movimento na
educação de qualquer pessoa; o movimento como terapia; o movimento no trabalho
industrial e a escrita do movimento.
Seu trabalho se caracteriza como um sistema,
“uma ciência da dança ou uma lógica da
dança” e se chama Análise Laban de Movimento. Hoje também pode ser chamada de
Coreologia e engloba a Corêutica (estudo da organização espacial do
movimento), a Eukinética (estudo das qualidades expressivas do movimento , ritmo
e dinâmica), o uso instrumental do
corpo, o relacionamento do corpo com ele mesmo, com outro e com o espaço e um
sistema de notação do movimento chamado de Labanotation ou
kinetografia (RENGEL, 2003).
Atualmente a Análise Laban de movimento,
internacionalmente abreviada como LMA, Laban Movement Analysis (Moore e
Yamamoto,1988) é usada como forma de descrição e registro de movimento
cênico ou cotidiano (de cunho artístico
e/ou científico), método de treinamento corporal (teatro, dança, musical),
coreográfico, diagnóstico e tratamento em dança-terapia. O que hoje
chamamos de Sistema Laban ou Análise Laban de
movimento (até os anos 80 chamado de sistema Effort-Shape,
Expressividade–Forma) consiste de fato, em uma série de desenvolvimentos
realizados até o momento por profissionais das mais variadas localidades,
atualizados e divulgados em congressos e publicações periódicas
(FERNANDES, 2002, p.24).
A Teoria de Rudolf Laban é
normalmente mais associada à dança do que ao teatro, isso se deve a sua imensa
contribuição para o desenvolvimento da dança moderna. Mas, suas idéias vêm
sendo usadas em métodos de treinamento do artista cênico desde o início do
desenvolvimento de sua teoria, em consonância com as concepções de que não há
divisão entre dança e teatro, corpo e mente, movimento e texto. È, também, hoje um instrumento de
arte-educação usado, estudado e desenvolvido no mundo todo. No Brasil foi inclusive utilizado como uma
referência teórica e instrumento metodológico
para o ensino do movimento tanto na modalidade de dança como no teatro nos
documentos oficiais que norteiam a Educação Básica do Distrito Federal (Ensino
Fundamental e Médio) e nacionalmente como por exemplo os Parâmetros
Curriculares Nacional (PCNs).
A contribuição de Laban é
enorme e atinge também outras áreas de conhecimento como, por exemplo, a saúde,
a antropologia, os estudos culturais, etc.
A teoria de Laban é
baseada na observação (percepção), na experimentação e na análise. Quando se tem
o primeiro contato com suas definições e seus conceitos, tem se a impressão de
que já se sabia tudo de forma intuitiva, mas a teoria organiza e sistematiza
esse conhecimento intuitivo. Na vida cotidiana o homem se comunica através do
movimento corporal e das cordas vocais. O ser humano tem a inteligência dotada
para ler os movimentos e compreender o que eles significam, interpretando-os
individualmente, a sua própria maneira e na maioria das vezes de forma
inconsciente. A revelação da teoria
acontece quando através de conceitos e palavras se consegue compreender
melhor os aspectos do movimento que
parecem impossíveis de se definir racionalmente ou verbalmente. Todo o estudo
fornece um quadro teórico, uma gramática
dentro da qual se pode pensar, analisar, ler e falar de movimento.
A rede de pensamento de Laban é rica e abrangente e
seu legado
instrumental
é bastante versátil, de grande aplicabilidade e permite despertar a imaginação
e a criação de movimentos, auxiliando o ensino e o treinamento do corpo na
experiência do movimento. (FERNANDES, 2002, p.36)
Valerie
Preston-Dunlop, ex-aluna de Laban, principal divulgadora e pesquisadora de seus
estudos, desenvolveu uma metodologia que organiza a teoria de Laban propondo um modelo estrutural do movimento. Sua
composição é dividida em cinco partes: Corpo, Ação, Dinâmica, Relações e Espaço, mas atuam sempre de forma conjunta.
Na concepção de Rudolf Laban
o conteúdo do movimento é uma linguagem que
comunica sem palavras. A Teoria de Análise do Movimento identifica os
elementos que constituem o movimento e interferem em sua expressão. Além disso,
sua análise reconhece as relações do movimento com o espaço, com o corpo, com o
tempo, possibilitando multiplicar os seus sentidos.
Por isso sua teoria é utilizada
como instrumento de pesquisa e criações coreográficas, pois ela trabalha com os
princípios que regem o movimento, dessa forma não estabelece um vocabulário, ou
uma técnica específica que resulte em uma só estilização do movimento e
possibilita relações simbólicas e significativas pessoais e idiossincráticas. E
isso pode ser confirmado pelos trabalhos criados por seus principais seguidores como Mary Wigman, Alvin Nikolai e
Kurt Joss. Estes coreógrafos desenvolveram vocabulários completamente distintos
um do outro de acordo com as características de suas personalidades e maneiras
de ver o mundo. Kurt Joss, além de coreografar a partir de Laban, junto com
Leeder, sistematizou uma técnica utilizada até hoje em escolas da Alemanha e
por companhias mundialmente famosas como a de Pina Baush que foi sua aluna e
discípula. (LOBO; NAVAS, 2003).
A instrumentalização da
teoria de Laban também tem sido usada para outros objetivos como a formação do
ator, do bailarino e é especialmente aplicada no ensino artístico educativo da
dança por se adequar aos princípios da educação que tem por preocupação formar
indivíduos que participem da sociedade, críticos, autônomos, criadores e
re-significadores de imagens e movimentos.
Bibliografia:
LARA, Luciana
(2005). O ensino do movimento expressivo. Monografia de Conclusão de Curso-
Licenciatura em artes pela Faculdade de
Artes Dulcina de Moraes.Brasília-DF.
FERNANDES, Ciane (2002): O
Corpo em movimento: O Sistema Laban-Bartenieff na Formação e Pesquisa LABAN, Rudolf (1990): Dança Educativa Moderna, Icone, São Paulo.
LABAN, Rudof (1978): O Domínio do movimento, Summus, São Paulo.
LOBO, Lenora; NAVAS,Cássia. Teatro do Movimento: Um método para um intérprete criador. Brasília,L.G.E. Editora, 2003.
MIRANDA, Regina (1979): O movimento expressivo. Funarte, Rio de Janeiro.
Preston-dunlop, Valerie. Dance is a language isn’t it? Londres,
Laban Cente for movement and dance,1992.
RENGEL,
Lenira. Dicionário Laban. São Paulo, Annablume, 2003.
"Enquanto que os movimentos dos animais são instintivos e basicamente realizados em resposta à estimulação exterior,os do homem encontram-se caracterizados por qualidades humanas; por intermédio deles o homem se expressa e comunica algo de seu ser interior. Tem ele a faculdade de tomar consciência dos padrões que seus impulsos criam e de aprender a desenvolvê-los, remodelá-los e usá-los.”(Laban)
Além da foto e dessa última citação tem mais informações no wikidança: http://www.wikidanca.net/wiki/index.php/Rudolf_von_Laban
Aqui vão algumas imagens que achei na internet:
Aqui vão algumas imagens que achei na internet: